A REVOLTA DOS ESCRAVOS NO BRASIL-COLÔNIA

21/03/2015 14:18

AS REVOLTAS DE ESCRAVOS NO
BRASIL-COLÔNIA

O homem negro representava fonte de
riqueza tanto para quem vivia do seu tráfico 
como para quem o utilizava como força de trabalho. Do século XV ao XIX,
foram retiradas da África cerca de 75 milhões de pessoas. Recife, Salvador e,
mais tarde, o Rio de Janeiro foram os maiores centros receptores de negros, no
Brasil.

Contra  os atos de rebeldia aplicavam-se as mais
variadas torturas. Os negros podiam ser colocados no vira-mundo, instrumento de
ferro onde suas mãos e pés ficavam amarrados. Em outras ocasiões recebiam
açoites com o bacalhau, um chicote de couro cru. Os atos de rebeldia
considerados mais graves eram punidos com a castração, amputação de seio, ou
quebra de dentes a marteladas.

Para o negro, portanto, só o local de
trabalho mudou. Os escravos continuavam a 
ser a classe mais explorada. Suas condições de vida nas minas chegavam a
ser piores que nos canaviais: nas minas, a média de vida dos escravos girava
entre dois e cinco anos.

A opressão gerou resistências. O contrabando de ouro era uma
das formas utilizadas por alguns negros para obter dinheiro para comprar a sua
liberdade - a alforria. As fugas e a posterior formação de quilombos
eram outra maneira de lutar pela liberdade.

O suicídio, a execução dos brancos e
o banzo (também conhecido como "nostalgia da África") são também manifestações
de revoltas. Não se identificando com o mundo para o qual fora trazido, o negro
entrava em profunda depressão, recusando-se até a comer, definhando até a
morte. Mas a maior ameaça para a ordem colonial era certamente a reação
coletiva. As fugas em massa geralmente resultavam na formação de quilombos.
Nessas comunidades, os negros reorganizavam sua vida como na África.


O mais importante reduto de luta
contra a escravidão em toda a história brasileira foi o Quilombo dos
Palmares
(1600-1695).  Liderados inicialmente
por Ganga Zumba e depois por Zumbi, os negros formaram em Alagoas e no Sul de
Pernambuco um verdadeiro Estado livre. A invasão holandesa em 1630 ampliou
bastante a população do quilombo. Agregando cerca de 20 000 escravos foragidos,
resistiu durante quase todo o século XVII.

Em 1690, os lusos decidiram organizar
um ataque arrasador à cidadela africana. Para chefiar o ataque foi escolhido o
bandeirante Domingo Jorge Velho, conhecido especialista em massacre de
escravos. Em troca ele receberia privilégios e favores reais que incluíam
sesmarias no Nordeste.

O sistema defensivo dos rebeldes
parecia intransponível. A tática utilizada por Jorge Velho foi o cerco, imposto
por muito tempo, na tentativa de vencê-los pela fome. Não surtindo os efeitos
esperados, resolveu lançar mão de outra tática. Distribuiu entre alguns
escravos roupas de homens mortos pela varíola e criou condições para que
fugissem. Vestidos com essas roupas, livres, os escravos correram para o
quilombo, onde involuntariamente espalharam a doença. Isolados, sem víveres e
contaminados pela varíola, os negros de Palmares foram completamente
aniquilados, em 1695. Zumbi só foi capturado um ano depois. Teve sua cabeça
cortada e exposta em praça pública, em Olinda. O governador disse, na ocasião,
que o fato servia "para  satisfazer os
ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros".

O que o europeu fez com o negro africano
foi uma tremenda perversidade! Uma violência contra a vida humana! Atrocidades com
os povos africanos, movidas pela ganância sem fim dos olhos azuis.

No Brasil a escravidão do africano é uma
mancha deixada pelo colonialismo que nunca vai ser totalmente apagada.

O lado positivo foi a influência da cultura
africana na religião, na comida, na  música
e principalmente na miscigenação do povo brasileiro.

Luís Leite, março de 2015.

Pesquisa: História do Brasil, de Luís César Amad Costa e
Leonel Itaussu A. Mello.