CAPITALISMO COMERCIAL X CAPITALISMO INDUSTRIAL

21/03/2015 15:43

CAPITALISMO COMERCIAL
X CAPITALISMO INDUSTRIAL

A crise do capitalismo comercial e as
contradições no interior da Colônia geraram a crise do colonialismo a partir da
segunda metade do século XVIII. A Revolução Industrial tornou ultrapassado o mercantilismo.
Portugal não se adequando aos novos tempos, procurou superar a crise ampliando
a exploração ao Brasil.


colonização funcionou de forma eficiente durante os dois séculos e meio
em que o pacto colonial garantiu a sangria das riquezas da Colônia. Entretanto,
a partir da segunda metade do século XVIII, a colonização começou a apresentar
sintomas de esgotamento. Entrou em franca decadência, impulsionada tanto pela
crise do capitalismo comercial europeu como pelas contradições que gerou no
interior das colônias.


Capitalismo comercial e capitalismo industrial


(São dados os primeiros passos para a globalização
comercial)

Do século VX ao XVII, o capitalismo
comercial serviu para acumular capitais e ampliar os mercados consumidores,
através da política econômica mercantilista baseada no metalismo, numa balança
comercial favorável e na intervenção do Estado na economia com o propósito de
organizá-la. O colonialismo surgiu como a maneira mais fácil de as potências
europeias garantirem uma balança comercial favorável. O pacto colonial
formalizou as relações entre colônias e metrópoles em benefício das últimas. Na
segunda metade do século XVIII, no entanto, o capitalismo comercial já havia
cumprido sua função: abundantes riquezas concentravam-se nos centros europeus,
ao mesmo tempo que se processava a integração econômica dos mercados mundiais.
Os sinais da superação do capitalismo comercial afloravam.

O mercado  consumidor, ampliado durante a Revolução
Comercial, exigia mais mercadorias. O capital acumulado pela burguesia
comercial nesse período de três séculos passou a ser investido na produção.  As inovações tecnológicas dos séculos XVII e
XVIII possibilitaram o surgimento da indústria fabril na Inglaterra.
Iniciava-se a Revolução Industrial.

A Inglaterra foi, durante 70 anos, o
único país industrializado do mundo. Não é de se estranhar, portanto, que ela
se posicionasse contra qualquer barreira ao livre comércio; e o pacto colonial
era, sem dúvida, a maior dessas barreiras. Assim, a Inglaterra, de fervorosa
adepta do colonialismo, passou a intransigente incentivadora da independência
das colônias, uma vez que, independentes, as ex-colônias fariam parte do
mercado consumidor para os manufaturados ingleses, além de fornecer matéria-prima
a baixo preço.

Em contraposição ao mercantilismo,
surgiu na Inglaterra o liberalismo econômico, teoria que pregava a
não-intervenção do Estado na economia, a livre concorrência e o fim do pacto
colonial. Essa teoria justificou e impulsionou o capitalismo industrial a
partir da segunda metade do século XVIII.

Países como Portugal e Espanha, que não
criaram condições para a industrialização, entraram em franca decadência
econômica. Em consequência, apertaram as malhas de exploração colonial.

O capitalismo comercial se deteriorava,
tornando cada vez mais insustentáveis as pretensões das metrópoles.

A crise do capitalismo comercial
português e os interesses ingleses não são suficientes para explicar o
desmoronamento do sistema colonial. As contradições internas da colonização
foram fatores determinantes.

Não se pode negar que a colonização,
mesmo tendo caráter francamente explorador, promoveu o crescimento do
Brasil-Colônia, durante dois séculos em que predominou. As elites dominantes
locais, apesar de divergências momentâneas, beneficiavam-se com a própria
dominação que sofriam. No entanto, os mesmos instrumentos responsáveis pelo
crescimento da economia colonial tornaram-se, a partir do século XVIII,
insuportáveis à população colonial. Os monopólios, a severa fiscalização e a
alta tributação coincidiam com uma situação internacional propícia à
independência. O pacto colonial, antes considerado um "pacto entre irmãos",
ficava nitidamente caracterizado como beneficiador apenas das metrópoles. Se
ele, bem ou mal, até então havia favorecido o crescimento econômico das
colônias, agora representava um obstáculo aos povos colonizados, que pretendiam
percorrer os próprios caminhos.


Luís Leite, março de 2015.

Pesquisa: História do Brasil, de Luís César Amad Costa
e Leonel Itaussu A. Mello.