DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS

02/01/2015 11:24

Alimentos: o desperdício
que mata


 A fome e o desperdício de
alimentos são dois dos maiores problemas que o Brasil e o mundo enfrentam.
Segundo o último Relatório Mundial sobre a Fome, realizado pela ONU
(Organização das Nações Unidas), estima-se que existem no mundo mais de 800
milhões de pessoas subnutridas. O documento revela também que aproximadamente
25 mil pessoas morrem por dia vítimas de desnutrição. No entanto, a produção
mundial de alimentos daria para alcançar a população global, mas com o elevado
número de comida desperdiçada e a má distribuição, infelizmente esses alimentos
não chegam para todos.

O Brasil
é um dos grandes produtores de alimentos do mundo, mas paradoxalmente também é
um dos países que mais desperdiça. Segundo a pesquisa realizada pelo Instituto
Ethos, se perde todos os anos na colheita cerca de 11 milhões de toneladas de
comida. O armazenamento e o transporte são fatores que ajudam a aumentar ainda mais
o número de alimentos desperdiçados. Para o professor Marcelo Bergamo, coordenador
do Curso de Tecnologia em Gastronomia da Universidade Metodista de São Paulo,
falta orientação para os produtores que colhem e armazenam a safra. "A forma de
evitarmos essa cascata de desperdício recai sobre treinamento, no sentido de
orientar quem colhe os produtos, na forma de armazenamento, tanto na área
rural, quanto nos supermercados e centros abastecedores. Muitas vezes, no
sentido de economizar espaço, os alimentos são encaixotados em camadas
excessivas, o que gera muito peso nos produtos que estão no fundo das caixas",
afirmou.

As
feiras-livres e os Centros de Abastecimento (Ceasa) são responsáveis por 30% de
todo o desperdício de comida do País, segundo a pesquisa do Centro de
Agroindústria de Alimentos da Embrapa. No final de cada feira ou de um dia de
trabalho é visível a grande perda de alimentos que ocorre nesses locais.
Geralmente, pessoas se aglomeram para recolher os restos que são abandonados
nas ruas ou jogados em tonéis de lixo. Muitos comerciantes também fazem doações
para Organizações Não-Governamentais que se responsabilizam pela higiene e
distribuição para pessoas carentes.

Os
consumidores também têm uma grande parcela de culpa. É um hábito das pessoas
comprarem além do que vão consumir, dessa forma o alimento acaba se estragando
antes mesmo de poder ser consumido. "Não podendo consumir tudo o que é comprado
acaba por se jogar fora os alimentos. Isso gera demanda de produção, sem
necessidade, além de aumentar o problema do lixo", declarou Bergamo.

Como
iniciativa para tentar minimizar esses dados, em 2000, em Santo André - SP, a
prefeitura adotou uma idéia norte-americana conhecida como Banco de Alimentos,
que hoje é utilizada nacionalmente pelo Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome em parceria com os municípios com mais de 50.000 habitantes.

Atualmente,
o Ministério divulga e trabalha com o programa, que se baseia na arrecadação de
alimentos provenientes de doações de parceiros do setor alimentício como
restaurantes e lanchonetes.

Nos
bancos de alimento, as doações passam por um processo de triagem e em seguida
encaminhados gratuitamente às entidades assistenciais responsáveis pela
distribuição da comida à população carente, seja na forma de refeições prontas
ou por meio do repasse direto às famílias. Todo esse procedimento deve ocorrer
de forma ágil e extremamente eficaz, para que os produtos doados não estraguem.

LEI DE INCENTIVO

Todos os
dias restaurantes, lanchonetes, hotéis de todo o Brasil jogam no lixo toneladas
de alimentos em bom estado que poderiam atender às necessidades de milhares de
pessoas que não têm o que comer. Isso acontece devido a uma lei que consta na
atual Constituição brasileira, que em vez de incentivar os estabelecimentos a
doarem o excedente, culmina por afastá-los desse ato solidário.

Se um empresário
brasileiro quiser contribuir com as instituições beneficentes é obrigado a
pagar impostos sobre os alimentos doados, não recebem nenhum tipo de incentivo
fiscal e correm o risco de responder a um processo civil e criminal caso o
alimento doado prejudique a saúde de quem o recebeu.

No
entanto, desde 1999, a Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Câmara
dos Deputados examina o projeto de lei de incentivo denominado "Estatuto do Bom
Samaritano".

O projeto
consiste em isentar impostos e possíveis processos dos empresários do setor
alimentício que se interessam em fazer doação do excedente de seus
estabelecimentos sem que com isso sofram qualquer tipo de ônus, como atualmente
é previsto por lei. Caso o projeto seja aprovado, o Brasil dará um grande passo
para reduzir o desperdício de alimentos e a fome.

Adriana
Luna

 



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